MINISTRO ALEXANDRE SILVEIRA PARECE VIRAR DE COSTAS PARA OPÇÃO NUCLEAR E FECHAR OS OLHOS PARA MILHARES DE EMPREGOS QUE PODEM SER CRIADOS | Petronotícias




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MINISTRO ALEXANDRE SILVEIRA PARECE VIRAR DE COSTAS PARA OPÇÃO NUCLEAR E FECHAR OS OLHOS PARA MILHARES DE EMPREGOS QUE PODEM SER CRIADOS

silveira-assustadoA distância entre o discurso e as atitudes concretas já começa a gerar críticas e questionamentos ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto). Alguns agentes do setor de energia e membros da academia já reclamam da postura do líder da pasta, por esquivar-se de temas importantes do segmento e a ausência nos grandes debates e eventos da indústria de energia. Até aqui, a agenda de Silveira tem priorizado, sobretudo, eventos em Minas Gerais, seu reduto eleitoral. Inclusive, na semana passada, o ministro esteve novamente batendo ponto em seu berço político. Durante um evento em Belo Horizonte (MG), Silveira declarou que “a transformação social [no Brasil] só se dará por meio do emprego e renda de qualidade”. A frase de efeito é bonita na prática, mas a realidade mostra que o Ministério de Minas e Energia (MME) está deixando escapar pelas mãos uma oportunidade concreta de ajudar na criação de novos postos de trabalhos no país. Isso porque a pasta tem sido tímida em apresentar planos mais ousados e sólidos para os projetos de geração nuclear no Brasil. Com quase seis meses de governo Lula, o setor nuclear ainda vê uma certa anemia nas propostas apresentadas até aqui.

Em um recente artigo publicado pela FGV Energia, especialistas da indústria e da academia lembram que a fonte nuclear pode ser um instrumento poderoso para geração de emprego e renda no país. A implantação de usinas nucleares gera um número expressivo de novos empregos de qualidade, diretos, indiretos e induzidos, não apenas na sua fase de construção, mas durante toda a vida útil desses empreendimentos. “Uma usina de 1.000 MW gera aproximadamente 1.200 empregos diretos, em sua maioria de nível superior ou técnico  especializado. A estes, somam-se os empregos indiretos e induzidos, que segundo estudo da FGV são 2,4 vezes o número de empregos diretos. Uma central nuclear com seis usinas gera, assim, 7.200 empregos diretos e mais de 17.000 empregos indiretos e induzidos”, diz o artigo, que é assinado por Leonam Guimarães, Luiz Roberto Bezerra e Marcelo Gomes da Silva.

Obras de usinas nucleares, tais como Angra 1 e Angra 2, são importantes vetores de desenvolvimento econômico

Obras de usinas nucleares, tais como Angra 1 e Angra 2, são importantes vetores de desenvolvimento econômico

Além disso, as usinas nucleares podem ser vetores de desenvolvimento regional, de acordo com os autores. Quando entram em fase operacional, essas plantas demandam formação de técnicos e profissionais de nível superior em diversas especialidades. “Como verificado em Angra dos Reis, a instalação das usinas ocasionou a abertura de universidades e cursos técnicos. Pode-se dizer que a primeira leva de operadores das usinas nos anos 70 e 80 veio de outros centros e que atualmente cada vez mais os operadores são originários da própria região”, aponta o artigo.

Os especialistas lembram ainda que projetos de geração nuclear podem ajudar a alavancar o PIB durante a fase de obras desses empreendimentos. Os expressivos recursos investidos na construção de usinas nucleares, que têm um índice de nacionalização superior a 65%, trazem efeitos multiplicadores na economia local, regional e nacional. Um estudo realizado pela FGV para a Eletronuclear em 2015, aponta que os investimentos realizados revertem no PIB um multiplicador de 2,27. Ou seja, cada R$ 1,00 investido da construção agrega R$ 2,27 ao PIB nacional.

Diante de tantos benefícios econômicos, os autores do artigo lamentaram a ausência de planos concretos para a fonte nuclear durante a audiência do ministro de Minas e Energia na Câmara dos Deputados, no início deste mês. Na semana passada, contudo, em outra audiência de Silveira no Congresso Nacional, desta vez na Comissão de Infraestrutura do Senado, o secretário de Planejamento e Transição Energética da pasta, Thiago Barral, mencionou rapidamente a Política Nuclear Brasileira como um dos pilares da Política Nacional de Transição Energética. Se essa declaração representará uma guinada do MME em relação à fonte nuclear, só o tempo poderá responder. Ainda que diante dessas incertezas, existe ao menos uma perspectiva de que novos planos mais ousados para geração nuclear podem ser apresentados.

Especialistas esperam que o MME faça uma revisão de planos e inclua mais projetos e investimentos na geração nuclear

Especialistas esperam que o MME faça uma revisão de planos e inclua mais projetos e investimentos na geração nuclear

Acreditamos que o MME revisará o Plano Decenal de Expansão de Energia, sem deixar de fora os investimentos necessários para ampliar a capacidade de produção de combustível para atender à demanda, com isto, reconhecendo a importância estratégica de incluir a utilização da riqueza da reserva nacional do urânio para o Brasil progredir em  direção a uma matriz energética mais segura, diversificada, resiliente, limpa e sustentável”, opinaram os autores do artigo publicado pela FGV Energia.

A utilização do urânio como fonte de energia limpa na matriz energética para a geração elétrica tem sido uma opção estratégica em 33 países. As 436 usinas nucleares em operação no mundo representam 391 GW instalados e geram cerca de 10% de toda a eletricidade produzida no mundo. A essa significativa frota de usinas, somam-se 58 usinas em construção (60GW), a maioria na Ásia – Extremo Oriente, mas também na Europa, América do Norte e África.

Neste particular, é importante destacar que apenas três países (EUA, Rússia e Brasil) possuem grandes reservas de urânio, domínio tecnológico do processo de fabricação de combustível e experiência na construção e operação de usinas nucleares, requisitos necessários para atingir a plena autossuficiência. Entretanto, a capacidade de produção do Brasil ainda é  insuficiente e requer investimentos em sua expansão para atender plenamente a demanda e gerar excedentes exportáveis.

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